Categoria
Arquitectura, Projecto
Material
Tijolo Face à Vista Cinza Douro
Ano
2021
Arquitecto
WeStudio & MADE
Projecto
Casa da Rua Direita de Francos
Fotografia
@josecamposphotographer
Espaço do arquiteto com WeStudio e MADE
WeStudio - O atelier foi formado pelos arquitetos Nadia Santos com Mestrado em arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e BTU Cottbus, Alemanha e João Francisco Sousa com Mestrado em arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e KTH Estocolmo, Suécia. Após a experiência de trabalho em Londres, Barcelona e Berlim, dos arquitetos fundadores, a WeStudio inicia o seu trabalho na cidade do Porto em 2015 pela reabilitação de um edifício de escritório no centro histórico do Porto. Pelos recentes anos tem vindo a constituir obras e a desenvolver diversos projetos que variam entre habitações unifamiliares, reabilitação de edifícios no centro histórico, remodelação de apartamentos e projetos de ecoturismo. A parceria com a MADE tem sido fundamental para a concretização destes projetos. MADE – É aqui que José Mendanha, com Mestrado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, desenvolve a sua atividade enquanto arquiteto. A MADE é uma empresa multidisciplinar que, com base num princípio de intervenção colaborativo, desenvolve e coordena projetos de arquitetura, design e engenharia, tendo participado em projetos que variam em escala desde paisagens e espaço público a edifícios e objetos.
A casa da Rua Direita de Francos responde ao pedido de uma família para o desenho de uma habitação térrea num lote de 341m2 no centro do Porto. A proposta contraria a orientação dos volumes existentes quanto à sua implantação, voltando os espaços para o jardim interior e encerrando a relação com a rua. A configuração em L permite enquadrar o jardim, voltando os quartos a Nascente e os espaços sociais a Sul. O desenvolvimento da casa por um piso único de cobertura inclinada, criou oportunidades para exploração de áreas flexíveis em mezanine, adjacentes aos espaços a uma altura elevada. Estas podem ser usadas para estudar e brincar. As relações entre espaços e as opções de dimensionamento foram estabelecidas em conversas com a família.
O projeto procura completar os muros existentes na relação com a rua sobrepondo um volume único. Na sobreposição é evidenciada uma altura constante que distingue as intervenções. Este tema criou variações no desenho de estereotomia do revestimento exterior do edifício por um único material, o tijolo. Esta ideia foi também considerada no desenho dos espaços interiores que por diferentes marcações resolvem um desenho a duas alturas (na relação entre espaços e mezanines).
As aberturas de luz foram trabalhadas tendo em conta o tipo de espaço associado e a respetiva orientação solar. Todos os espaços da casa têm iluminação natural: as instalações sanitárias e áreas de circulação são iluminadas por túneis de luz ou claraboias pontuais que servem mais do que um espaço; por sua vez, os espaços sociais são iluminados por janelas ou envidraçados com recurso a uma segunda entrada de luz, pontual, a poente. Assim, a luz é um jogo de surpresa para os espaços com variações ao longo do dia.
Como surgiu o conceito arquitetónico do Tijolo Face à Vista na cobertura?
Na casa da rua Direita de Francos a escolha do material definiu a concepção do volume, sendo que as possibilidades plásticas que o material permitisse seriam aplicadas no tratamento da linguagem da casa. Uma vez que a casa procura encaixar-se sobre os limites existentes de pedra, por um volume único, procuramos que a leitura do edifício fosse o mais contínua possível. Assim, interessava-nos um material que permitisse a aplicação nas fachadas mas também na cobertura. O tijolo surgiu naturalmente como essa opção, em consciência com o estudo técnico necessário à solução. O tijolo é um material aplicado com uma base métrica regular que permite algumas variações de estereotomia que estaria em contraste com os elementos existentes em pedra. Desta forma, conseguimos um revestimento único que se integrasse no contexto urbano da rua, mas também no espaço exterior de jardim.
Quais as mais valias construtivas dessa opção?
O tijolo é maioritariamente produzido por componentes naturais, sendo um material com uma enorme durabilidade e pouca manutenção, se adequadamente instalado. Quanto aos elementos de fachada, o sistema instalado em Francos funciona como uma parede de drenagem, ancorada em suportes estruturais - a caixa de ar é uma das principais vantagens do sistema que permite uma ventilação natural da parede. Quanto ao desenvolvimento técnico da cobertura este foi particularmente cuidadoso por ser uma solução menos comum. Encontramos alguns casos onde esta aplicação foi considerada e conseguimos recolher um enorme contributo técnico por referências de outros colegas. Conseguimos então, criar uma solução robusta, de pouca manutenção, favorecida pelas pendentes da cobertura. Uma vez compreendido o sistema, as ferramentas do seu funcionamento são comuns a qualquer outro sistema de cobertura. A correta pormenorização do sistema permitiu considerarmos sistemas de caleiras e drenagem de águas pluviais convencionais, que no caso de Francos conduzem as águas da cobertura a um reservatório comum para aproveitamento. O desafio do sistema preconizado foi aliar pressupostos de concepção com os de robustez e sustentabilidade.