Espaço do arquiteto com Helena Faria Arquitectura & Duarte Carvalho Arquitectura  

Este projeto foi elaborado pelo gabinete de arquitectura e design e interiores da Arq. Helena Faria (Helena Faria, Arquitectura e Design) e contou com a colaboração, em co-autoria, do gabinete do Arq. Duarte Carvalho (Duarte Carvalho, Arquitectura). Ambos - cujos proprietários se conhecem desde os tempos de faculdade - partilham uma abordagem projetual semelhante: procuram realizar projetos de autor, com uma relação estreita com os clientes e com vontade de inovar a cada projeto.

Deste modo, cada criação é o resultado de um pensamento "tailor made", que melhor responde às pretensões e aspirações dos clientes, em alinhamento com um diálogo estreito com a envolvente, fazendo com que cada objeto construído seja único e bastante pessoal.

O projeto

O projecto teve por base a construção de uma habitação térrea num terreno que era caracterizado pela existência de um pinhal, com um solo rochoso recoberto de areia, sendo abundante a existência de cheias momentâneas aquando do excesso de chuva.

Era intenção do cliente ter uma casa modernista no sentido lato da palavra, ou seja, uma casa que evocasse as Case Study Houses dos anos 50.

Para a intervenção foi realizado um levantamento cuidadoso das árvores autóctones do terreno, bem como dos afloramentos rochosos do mesmo, de modo a criar um edifício que se apropriasse do local de forma respeitadora e se integrasse como se do pinhal já fizesse parte. Não estava prevista a eliminação das árvores que posteriormente se veio a verificar.

Deste modo, criou-se uma casa composta por dois corpos que, em conjunto, abraçavam um pinheiro existente e se moldava à topografia existente, elevando-se do solo, refletindo no interior o declive natural do terreno e protegendo-se assim da passagem das águas que escorrem da montanha aquando dos momentos de chuva.

Esses dois corpos criam espaços intersticiais ajardinados, enriquecendo assim a experiência de atravessamento entre eles através da ligação elevada envidraçada que une o volume destinado às zonas de dia com o volume destinado às zonas de noite.

A linguagem do projecto, quer através da sua elevação, quer através da justaposição de elementos horizontais, procurou transmitir uma leveza que pontualmente era atravessada por elementos verticais e que o conectavam com o terreno. A escolha dos materiais partiu desta intenção, se por um lado evocam o telúrico e o local, por outro lado criam panos abstratos que intercionalizam a arquitetura.

Estava já familiarizada com o Tijolo Face à Vista? Em que contexto? 

Nunca o tínhamos usado, no entanto, existem várias obras que conhecemos que utilizam este material.

Qual a receção por parte dos proprietários à utilização do Tijolo Face à Vista?

Os próprios clientes, inspirados por exemplos (de boa arquitectura) que conheciam, sugeriu a utilização do material.

Qual o enquadramento do Tijolo para com o interior da habitação? E para a natureza envolvente?

A cor do tijolo transmite a relação com o solo existente inicialmente, remete também para a cor do granito. A sobreposição dos planos de tijolo, na sua forma abstracta, reflete abstração dos panos visuais de eucaliptal e pinhal da montanha adjacente.

O tijolo reflete-se no interior da habitação quer através da estufa existente contígua à cozinha, quer através do revestimento dos panos verticais das varandas, fazendo com que o material esteja sempre presente não só nos ambientes exteriores, mas como sendo também parte integrante da imagem dos espaços interiores.

Pela experiência que tiveram na utilização do Tijolo Face à Vista, podemos esperar mais projetos com os materiais Vale da Gândara?

Sem dúvida! O material é extremamente plástico e versátil. Estamos em crer que ainda mal exploramos as suas características e as possibilidades que nos oferece.