Espaço do arquiteto com Atelier MaPa
Fundado em 2014 na cidade do Porto pelos arquitectos Patrícia Pacheco Pereira e Marco Aurélio Teixeira, o atelier MaPa assume uma estrutura e dimensão flexível que se ajusta organicamente a cada projeto, promovendo colaborações frequentemente. O atelier MaPa tem desenvolvido a atividade de arquitectura em diversos programas e escalas atestando a capacidade de realização numa área com tantos constrangimentos, altamente exigentes e competitiva.
O projeto
Tínhamos diferentes desafios em mãos, o que desde logo nos entusiasmou muito porque nos abria possibilidades de resposta que enriqueciam o projeto. O terreno era a parte disponível de uma propriedade maior da família dos donos da obra pelo que a casa não teria relação direta com a rua, tinha algumas árvores que queríamos manter e um perímetro irregular, exíguo, e com uma frente estreita. A sul, um edifício de habitação coletiva elevava-se de tal forma que corríamos o risco de ter uma habitação muito exposta. Para resolver os diferentes desafios apresentámos um desenho com uma solução que dava uma única resposta: a casa abrir-se-ia para si própria, com muita luz natural sem comprometer a privacidade.
O conceito
A ideia consistiu em estruturar a habitação como uma espécie de exoesqueleto formado por um conjunto de paredes paralelas cuja distribuição permitisse a formação de pátios intercalados com espaços habitáveis. Desta forma, esbatemos os limites construídos e os donos da obra poderiam usufruir do exterior de forma mais recolhida e usar o interior com grande abertura. Esta solução foi muito bem acolhida pelos donos da obra porque perceberam imediatamente que a relação constante entre o interior e o exterior potenciava uma qualidade espacial que valorizavam. Soubemos que durante o confinamento da pandemia um dos elementos do casal foi infetado e encontraram nesta relação entre os pátios exteriores e os espaços interiores a oportunidade de conviverem com o necessário distanciamento, tendo chegado a fazer refeições à janela de divisões diferentes, mantendo o contacto visual um com o outro através do pátio.
Agrada-nos pensar que apesar de não nos ocorrer dar resposta a uma situação tão inusitada quanto esta, a casa teve a capacidade de se adaptar às circunstâncias.
Foi construída a ideia que apresentámos à primeira. A simplificação de desenho parece-nos observável na execução da obra, sendo que para esse resultado final contribuíram decisivamente os donos da obra na manutenção dos critérios de base, e no desenho de pormenores de execução, e por isso devemos-lhes muito o resultado final. Tivemos muita sorte.
O revestimento em Tijolo Face à Vista
A escolha do material de revestimento das paredes foi fundamental para reforçar a relação do interior com exterior que está na génese do projeto, numa perspectiva de continuidade entre os espaços, era essencial que achássemos bonito, com textura capaz de produzir sombras através da luz natural, que tivesse a versatilidade de se enquadrar bem com o conjunto por termos planos contínuos entre o interior e o exterior. Mais do que durável queríamos que envelhecesse bem, e de preferência de baixa manutenção. No desenvolvimento do projeto e decorrente da comunicação permanente com os donos da obra o tijolo de face à vista negro calabar surgiu como a solução que nos pareceu mais evidente e sóbria para o resultado pretendido.
Estamos muito satisfeitos com a escolha porque o resultado final agrada-nos muito e, mais importante que isso, agrada aos donos da obra.
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