Espaço do arquiteto com TRAMA arquitetos
A TRAMA arquitetos, fundada em 2006, nasce do ímpeto de três amigos em arriscar na arquitetura. A nossa equipa tem-se desenvolvido e crescido no sentido de responder à unicidade de cada desafio, num processo rigoroso que procurar valorizar e enaltecer a arquitetura.
Durante este percurso, os nossos trabalhos têm refletido o respeito pela individualidade do projeto, procurando desenhar peças únicas, pensadas desde a maior escala ao mais cuidado pormenor. A nossa linguagem centra-se na materialidade, num conceito que não se restringe à edificação, mas que abrange a dimensão física de tudo que é percetível. Encaramos a arquitetura como uma experiência dos sentidos, dando atenção a toda a vivência no elemento construído, ajustado ao meio que o envolve. Os nossos projetos definem-se, assim, pela procura de diversas conjugações de materiais, numa intenção de criar perenidade estética.
A nossa arquitetura é sinónimo de compromisso. O espaço é desenhado para ser apropriado e vivido, estabelecendo uma íntima relação com quem o percorre e com o contexto em que se insere. Este nosso olhar evidencia-se pela atenção na composição de cada detalhe, num processo cada vez mais sustentável, e que se concretiza numa obra singular e harmoniosa.
O projeto
A casa insere-se num loteamento, desenvolvido por entre uma forte envolvente verde, com vegetação rica e uma paisagem rara. A ideia base partiu da criação de uma habitação unifamiliar, cujo programa interior estabelecesse uma relação íntima com os espaços de lazer exteriores. Um dos maiores desafios no desenvolvimento do projeto, partiu da procura pelo equilíbrio entre o aproveitamento das vistas amplas, orientadas a norte, e a captação de luz solar, nas restantes fachadas.
O projeto dividiu-se em 2 eixos que formam um “L”, com abertura do seu ângulo, por forma a maximizar o afastamento entre os dois corpos. A disposição da volumetria procurou criar um paralelismo à rua, em que se desenvolve o programa social, maximizando a possibilidade de toda a casa poder orientar-se para o interior do terreno, não abdicando por sua vez da luz disponível a sul, alçado orientado para o arruamento. Essa problemática foi solucionada através de abertura das salas para as duas frentes, pelo que a sul sentimos a necessidade de criar elementos permeáveis, na vertical que assegura a privacidade, e na horizontal através de pérgula de betão, que maximiza a entrada de luz nos dois pisos.
O espaço exterior, assume-se como ponto central do projeto, onde se estabelece a transição entre a área social e privada, não descorando o sentido de união dos volumes.
Aliado à forma, a materialidade selecionada complementa as intenções volumétricas, com a utilização na sua generalidade, de materiais intemporais, com baixa manutenção, que por sua vez são considerados brutalistas, como o betão natural à vista e tijolo face à vista, quando conjugados com texturas distinta trazem um carácter único ao local. O betão réguado e o tijolo face à vista, castanho mondego, com diferentes aplicações, transmite uma imagem mais complexa e chamativa da fachada, tanto percebida pelo interior como pelo exterior.
O Tijolo da Vale da gândara, devido à sua versatilidade de aplicações dentro da mesma gama, proporcionou o estudo de imagens diferentes entre fachadas, em que cria efeitos de sombra distintos, respeitando a mesma cromática. Desta forma definiu-se a aplicação de 3 formas distintas:
Aplicação em espinha, fortalecendo o movimento da fachada, com diferentes perceções à medida que a incidência da luz altera. Demarca os planos longos e transições entre volumes;
Em cobogó, presente na fachada principal, a sua aplicação permeável ajudou a resolver a problemática da absorção de luz, mantendo a privacidade dos espaços interiores.
Este elemento assenta numa viga metálica, por forma a criar privacidade no piso superior, mas por sua vez permitindo a captação de luz no piso inferior.
No piso inferior optou-se pela solução de plaquetas coladas, para transmitir uma imagem de parede estrutural de tijolo.
Tendo em conta que se trata de aplicações diferentes da norma, o estudo e acompanhamento de obra teve vários desafios para que se alcance o aspeto pretendido. Na solução de espinha, exigiu um estudo prévio, tanto para reduzir o desperdício dos cortes das peças, como para que a aplicação ficasse sem juntas, exigindo um trabalho minucioso de todas as equipas envolvidas. O cobogó o maior desafio partiu da necessidade de reforçar os pontos de interceção das peças, por forma a garantir a sua resistência e robustez com a passagem do tempo.
Relativamente à abertura dos proprietários, foi um processo fácil e natural, aderiram com bastante abertura à solução proposta. Deram-nos liberdade para explorar soluções mais arrojadas, em que se explorou texturas e rugosidades, pelo que o resultado salta à vista.