Categoria

Arquitectura, Projecto

Material

Plaqueta Cerâmica Purus

Ano

2022

Arquitecto

Combo Architects Studio

Projecto

Alojamento Local, Porto

Fotografia

@fab.peixoto

Espaço do arquiteto com Combo Architects Studio

A prática profissional na área da arquitectura iniciou-se em 2012, pelas mãos dos arquitectos Joana Carvalho (nascida em 1988, Covilhã) e Marco Santos (nascido em 1988, Tomar), com formação académica na Universidade da Beira Interior. Anos mais tarde, em 2018, fundou-se a COMBO ARCHITECTURE STUDIO, com sede em Matosinhos, Porto.

O trabalho desenvolvido no gabinete foca-se principalmente em duas áreas: arquitectura e produção de imagens virtuais. Passando também pelo desenho de mobiliário.

Os projectos de Arquitectura abrangem várias escalas, usos e tipologias onde se destacam a habitação unifamiliar, a habitação colectiva, edifícios de serviços, industriais e turísticos. A experiência na requalificação e reconversão de edifícios existentes com valor patrimonial tem sido nuclear na prática desenvolvida.

O gabinete tem como princípio o detalhe e rigor dos projectos, culminando num contínuo e exigente acompanhamento técnico na fase de construção, de modo a garantir a concretização do projecto em obra.

Qual é o conceito do projeto?

A intervenção desenvolve-se no rés-do-chão, cave, subcave e logradouro de um edifício de habitação colectiva. Manteve as condições de edificabilidade existentes, designadamente alinhamentos, implantação e cércea. O projecto alterou a globalidade da fracção, incluindo toda a compartimentação interior, de modo a criar condições para a constituição de um estabelecimento de Alojamento Local, na modalidade de Estabelecimento de Hospedagem.

O foco do projecto consistiu na alteração da composição da fachada tardoz e do logradouro. Visto que os quartos só poderiam estar localizados na fachada tardoz, e esta fachada está orientada a norte, seria importante conseguir inundar os espaços de luz e ganhar amplitude no interior. Para isso foi estudada uma nova composição da fachada, que também reflecte a organização dos próprios quartos.

Como a vista que os quartos têm é para o logradouro, seria importante ter um cuidado especial em criar um ambiente mais acolhedor e agradável, que fosse também convidativo para o seu usufruto. O logradouro, que antes era um local abandonado onde só se depositava lixo, foi assim transformado numa área de apoio e lazer para utilização de todos os hóspedes. É composto por um grande espaço verde, que conta com algumas árvores (incluindo duas oliveiras e uma magnólia) e vegetação rasteira. Para ocultação da área técnica (onde estão as máquinas de AC e outras de grandes dimensões) criou-se um muro, e no topo nasce um banco corrido. Durante a obra encontrou-se um poço em pedra de águas pluviais que se deixou a descoberto, o que nos levou a alterar uma parte do banco corrido, que passou a acompanhar a forma circular. Sobre o banco e o poço colocou-se uma pérgola, composta por finos perfis metálicos e fios de aço inox, coberta por plantas trepadeiras (buganvílias).

Relativamente aos materiais utilizados na fachada tardoz, colocou-se caixilharia em alumínio lacado à cor branco, e revestimento com sistema capotto nos pisos 0 e -1 à cor branco. No piso -2 aplicou-se tijolo face à vista.

Qual é o enquadramento do Tijolo Face à Vista no local do alojamento?

O tijolo tem uma grande tradição na Europa, em particular nos países do centro. Curiosamente em Portugal não existe uma forte utilização de tijolo face à vista, ao contrários dos nossos vizinhos espanhóis. Se no norte do país a maior parte das construções tradicionais é feita em granito, no centro a pedra calcária impera, e a sul o tijolo é mais utilizado para depois ser revestido a cal.

Existe um carácter intemporal e transversal no tijolo face à vista, pois existe há milénios (em particular nas culturas romanas) sendo utilizado em inúmeras tipologias desde pequenas habitações, edifícios de habitação colectiva, até hospitais e universidades. Esta característica multifacetada do tijolo face à vista fez-nos pensar que seria ideal para este programa.

Pretendia-se distinguir o espaço do logradouro do restante edifício, e definir claramente uma zona de utilização para todos os hóspedes separada das áreas privativas. Ao mesmo tempo, por ser uma zona exposta às intempéries e propícia a estragos, procurou-se um material resistente, que ocultasse a sujidade e com uma mínima manutenção ao longo do tempo.

Porque recaiu a escolha da cor, na referência Purus?

Atribuindo um cariz de embasamento, revestiu-se a fachada tardoz ao nível do piso -2, bem como todos os muros circundantes ao logradouro, de plaqueta cerâmica (modelo Purus, da Vale da Gândara), com juntas afastadas e bastante profundas. A escolha recaiu neste modelo e cor específicos por transmitir um aspecto tosco e artesanal, onde a variação de tons e texturas também tem um papel importante. Conseguimos, assim, obter o contraste pretendido com o restante edifício e transformar o logradouro num local mais acolhedor, autêntico e intemporal.