Categoria

Arquitectura, Projecto

Material

Tijolo Face à Vista Castanho Mondego

Ano

2019

Arquitecto

Arq. Paulo Lousinha

Projecto

Casa Eng. Marco Ribeiro

Fotografia

Carolina Conde

Espaço do arquiteto com o Arq. Paulo Lousinha

Continuação do seu percurso profissional com início em 1995 no Porto e a partir de 1999 em Aveiro, Paulo Lousinha fundou na cidade natal no final de 2001 a Lousinha Arquitectos que tem o seu escritório localizado no antigo Cine-Teatro em pleno centro da cidade. Dedicada exclusivamente à arquitectura, a Lousinha Arquitectos valoriza o desenho do espaço como ferramenta essencial para o seu trabalho. Entre obras e projectos a lista de trabalhos do escritório ultrapassa já os trezentos registos espalhados pelo território com incidência preponderante a Norte do Mondego mas concentrada particularmente na área metropolitana do Porto. A experiência adquirida ao longo de anos tem hoje expressão na obra construída que tem sido divulgada em publicações da especialidade, palestras e exposições como a Trienal de Arquitectura de Lisboa ou a Habitar Portugal entre outras.

Desafios da aplicação do tijolo face à vista

Beneficiando de uma excelente localização, o programa doméstico desta casa teve sempre como objectivo primordial a vontade de desenvolver um edifício capaz de explorar a boa exposição solar. O projecto desenha-se num diálogo com a paisagem construída preservando a significativa mancha de carvalhos existente, fundamentais para a opção de implantação. Resumidamente, poderemos dizer que a casa se organiza em dois pisos, respondendo ao modo de habitar da família. A área social da casa está voltado para o interior do lote no piso térreo, a sul, não negando no entanto uma relação visual forte com a rua, a norte. Este ponto de contacto com o exterior do terreno, faz-se por um grande rasgo horizontal, que explora a diferença de cotas entre a rua e o interior do terreno. No piso superior, os quartos abertos a poente usufruem da protecção da mancha arbórea, plantada no extremo da parcela. Deixando cair a milenar função estrutural para explorar o seu carácter compositivo na definição da volumetria austera da casa, o maior desafio na utilização do tijolo de face à vista foi colocado pela consciente negação da sua tectónica, isto é, pelo seu emprego no corpo em consola do piso dos quartos, particularmente na marcação do alpendre de entrada.

A escolha da cor Castanho Mondego, foi influenciada por que razões?

A escolha do Castanho Mondego partiu da vontade dicotómica de opor um interior luminoso, de cores claras mais descontraído e fluido ao exterior escuro e muito rigoroso. Esta oposição entre o exterior e o interior é marcante para a leitura formal da casa, ajudando a construir duas realidades que gostamos de pensar que são apesar de tudo dialogantes.

Que considerações acha importantes transmitir, no incentivo da utilização do tijolo face à vista por parte de outros colegas arquitectos?

O tijolo de face à vista remete-nos para a história da arquitectura. Tem a nobreza de um material milenar que foi capaz de atravessar civilizações para fazer parte da arquitectura contemporânea. Sendo intemporal, o tijolo apresenta a vantagem adicional de ser muito resistente que o tornam durável e quase sem necessidade de manutenção. Mas é sem dúvida o lado poético do tijolo aquele que mais me fascina. Como escreveu Mies, “Que espiritual é o seu formato, pequeno, manipulável, bom para qualquer funcionalidade. Que lógica mostra o seu sistema de proporções. Que vitalidade o seu jogo de aparelhos. Que dignidade possui o mais simples pano de parede. Mas que disciplina requer!”.