Categoria
Arquitectura, Projecto
Material
Tijolo Face à Vista Vermelho Vulcânico
Ano
***
Arquitecto
Arq. Vitor Faísca
Projecto
Centro de Dia de St. Antão do Tojal
Fotografia
***
Espaço do arquiteto com Arq. Vitor Faísca
Nesta edição do Espaço do arquiteto, falámos com o Arq. Vitor Faísca, acerca do Centro de Dia para Idosos de St. Antão do Tojal, projecto onde foi utilizado Tijolo Face à Vista Klinker Vermelho Vulcânico da Cerâmica Vale da Gândara.
Apresentação do Arq. Vitor Faísca
Estágio no Atelier do Arq.tº Tomás Taveira entre Outubro de 1991 e Março de 1992 Exercício da actividade, na área da Arquitectura/Urbanismo na CM de Torres Vedras, CM de Azambuja, na JF de Odivelas, na CM de Odivelas, na CM de Vila Franca de Xira e, actualmente, na CM de Loures Vários Projectos elaborados em Atelier particular/próprio, desde de 1991, na vertente habitacional, comercial, serviços e armazenal, para vários Municípios fundamentalmente na Área Metropolitana de Lisboa. Mais recentemente, tenho participado na elaboração de alguns Projectos de Arquitectura, para Luanda/Angola.
O centro de dia, sendo um espaço que se quer funcional, seguro e acolhedor para os utentes, exigiu uma especial atenção no projeto de arquitetura aos elementos de conforto (luminosidade, facilidade de acesso, higiene, etc.)?
De entre outras orientações que, o Projecto de Arquitectura teve, como por exemplo a área de intervenção disponível, a envolvente urbana existente na vizinhança e, a cércea/volumetria predominante na zona, tivemos especial atenção ao facto deste equipamento vir a servir, fundamentalmente, a população mais idosa da freguesia de Stº Antão do Tojal e, do próprio concelho de Loures. Neste sentido, foi importante delinear um Projecto que correspondesse a níveis de segurança, conforto (térmico e acústico), funcionalidade e, higiene, desejáveis para os seus principais utilizadores. Mais, foi importante, assegurar a durabilidade da totalidade das instalações, no tempo, no que respeita á sua manutenção e, resistência dos materiais aplicados, quer no comportamento dos mesmos ás intempéries exteriores (sol, chuva, vento, frio, diferenças térmicas), quer á sua normal utilização por parte dos seus funcionários e utentes.
Um melhor desempenho térmico e redução de consumo energético, foram um fator preponderante para a escolha do tijolo face à vista?
A aplicação do tijolo face á vista, assegurou a possibilidade de um adequado e desejável conforto térmico, tendo em conta as suas características térmicas. Ao mesmo tempo, esta escolha, para além da sua favorável componente estética, assegura uma intencional redução de custos ao nível energético, permitindo diferentes ambientes interiores confortáveis e, com temperaturas regulares normais que permitissem a sua utilização, sem necessidades extremas de utilização dos meios complementares de energia, – nomeadamente os sistemas de climatização. A composição deste material, revela-se fundamental para atingir os objectivos desejados ao nível: estético, durabilidade, comportamento térmico, comportamento acústico e, a não menos importante, ausência de manutenção futura, das fachadas do Centro de Dia.
A exigência de durabilidade e baixa manutenção, que em edifícios públicos deve ser um fator primordial, influenciou a escolha do material de revestimento?
A opção técnica na colocação do tijolo face á vista, revela-se fundamental para atingir os objectivos desejados ao nível: estético, durabilidade, comportamento térmico, comportamento acústico e, a não menos importante, ausência de manutenção futura, das fachadas do Centro de Dia. A condicionante conceptual relacionada com a durabilidade dos materiais no tempo, bem como, a minimização tão grande quanto possível, no que respeita á sua manutenção, levou a uma inevitável, determinada, segura e, confiante opção, na colocação do tijolo face á vista.
Porquê a opção pela modelo Vermelho Vulcânico?
No plano estético e, tendo em conta a envolvente construída próxima, cujas edificações servem fundamentalmente para habitação e, cuja estética exterior das mesmas, contém semelhanças, entre elas, ao nível das coberturas (telha cerâmica com cor de barro), levou-nos a optar pelo tijolo face á vista, com cor Vermelho Vulcânico. É fácil perceber que, pese embora a volumetria do Centro de Dia, pela sua concepção exterior geral, esteja fundamentada nos actuais canônes da Arquitectura Moderna e Contemporânea, contém, assim, – pela aplicação do tijolo exterior com cor vermelho vulcânico -, atributos de integração com a envolvente construída nas imediações, tendo em conta a sua semelhança no que respeita á sua composição e cor.
Quais as linhas orientadoras que permitiram a integração do edifício em tijolo face à vista e o meio envolvente?
Pese embora, tenha havido desde o início do processo, uma intenção clara de assumir uma volumetria construída que, também, pelas suas dimensões e utilização distinta, marcasse a sua presença e, se assumisse com as diferenças inerentes á de uma edificação com carácter bem diferente das que existem e a rodeiam (predominantemente habitacionais), a aplicação do tijolo face á vista, com cor vermelho vulcânico, contribui para majorar esta intenção conceptual, ao mesmo tempo que, apela á semelhança e integração na envolvente com materiais próximos, como o são a telha cerâmica, a cor de barro.
Como prevê o ano de 2014 para a Arquitectura em Portugal?
Para o ano de 2014 e, sem querer assumir o meu pessimismo, – tendo em conta a conjuntura económica e financeira que o nosso país atravessa -, prevejo a continuação de uma contenção ao nível da despesa pública, nomeadamente, da construção da obra pública. Esta realidade representa ao mesmo tempo, como é fácil depreender, duma continuação da diminuição da encomenda de Projectos e, por arrastamento, duma diminuição da quantidade de trabalho nos arquitetos. É uma situação que se revela muito preocupante, porque, ainda que haja muitas restrições e contenções económicas e financeiras, as pessoas continuam a precisar de viver e, a necessitar de diferentes tipos de equipamentos. Nomeadamente e, muito concretamente, aqueles equipamentos que, pelo facto da pirâmide etária do nosso país estar a ficar invertida (já de algum tempo para cá), se assumem como fundamentais para apoiar uma população a envelhecer dia após dia, como são o caso dos Centros de Dia e Lares para Idosos, entre outros. Em todo o caso e, porque é importante o arquiteto manter viva a Arquitectura e, estabelecer pontes entre a concepção e as necessidades das pessoas, quero acreditar que, se conseguirão encontrar formas, – ainda que o sejam mais contidas e económicas -, para ir ao encontro dos anseios das pessoas, no universo construído público existente, permitindo recuperá-lo, sem o deixar degradar, dotando-o, eventualmente, de novas e rejuvenescidas utilizações.