Categoria
Arquitectura, Projecto
Material
Tijolo Face à Vista Vermelho Vulcânico
Ano
***
Arquitecto
Arq. Marinho Pinto e Arq. Armindo Pombo
Projecto
Escola Básica de Sampaio em Sesimbra
Fotografia
***
Espaço do arquiteto com Arq. Marinho Pinto e Arq. Armindo Pombo
Nesta edição do Espaço do arquiteto, falámos com os arquitetos Marinho Pinto & Armindo Pombo, acerca do projecto da Escola Básica de Sampaio em Sesimbra, onde foi utilizado Tijolo Face à Vista Vermelho Vulcânico.
Apresentação do Arq. Armindo Pombo
O arqtº. Armindo Pombo licenciou-se em 1982 no então Departamento de Arquitetura da ESBAL, e durante e após a formação académica, fez o seu Estágio em Paiva Lopes, Arquiteto, Lda., atelier onde colaborou entre Janeiro de 1981 e Julho de 1983 em diversos Projetos de edifícios. Após um curto período com atividade por conta própria, ingressa na CM de Sesimbra em 1985, onde para além do apoio á Gestão Urbanística, implementa a criação do Gabinete de Projetos Municipais, sendo atualmente o seu coordenador.
Apresentação do Arq. Marinho Pinto
O arqtº. Marinho Pinto licenciou-se no ano de 1991 pela FAUTL, tendo no seu percurso profissional, colaborado em diversos gabinetes e por conta própria, para além de ter sido professor no ensino básico e secundário durante 4 anos. Em 1999 ingressou na Câmara Municipal de Sesimbra, onde exerce funções no Gabinete de Projetos Municipais.
A concepção do projecto teve em linha de conta a escola como espaço de formação integral das crianças?
O edifício escola é uma pequena componente, num todo muito mais vasto e complexo como é a Instituição – Escola. No entanto, as vivências do uso dos espaços por ela oferecidos vão ficar guardadas pelas crianças. No seu imaginário, as brincadeiras, aventuras e aprendizagens que experimentarão aqui, terão como pano de fundo, a presença dos lugares por nós imaginados – É uma grande responsabilidade, mas também motivo de orgulho. Pedagogicamente, julgamos que as estruturantes do espaço como a luz, a proporção ou a textura das superfícies, ajudarão as crianças para o despertar de uma fruição de espaço mais exigente, participando o edifício na sua educação visual.
A interligação do edificado com o meio envolvente, onde está incluída uma horta pedagógica e recreios exteriores, foi uma preocupação do projecto?
O espaço da escola foi concebido como um todo. Exterior e interior encontram-se interligados e organizam-se mutuamente. Com uma estrutura central constituída por uma sucessão de pátios, cada um deles com caracterização distinta, como sejam de recreio do jardim-de-infância, horta pedagógica, pomar ou sala de atividades da mediateca, criam um espaço fluido, cuja fruição promove um programa pedagógico mais alargado, ajudando a sensibilizar a comunidade escolar para aspetos considerados fundamentais na formação contemporânea.
O desempenho térmico, consumo energético e comportamento acústico, foram um factor preponderante para a escolha do tijolo face à vista?
Como o tijolo de face à vista tem uma elevada inércia térmica, sendo também bastante eficaz em termos acústicos, era uma escolha natural para um edifício com os requisitos de uma escola em que se pretende que seja pouco oneroso no seu funcionamento, particularmente em termos energéticos.
Sendo a escola um espaço público que se pretende com baixa manutenção, qual a importância de utilização de materiais duráveis nas fachadas?
O TFV foi utilizado no exterior, em toda a periferia acessível das paredes do edifício precisamente pelas suas propriedades de resistência e de fácil manutenção, para além de proporcionar uma superfície enriquecedora em termos formais.
Por que razão escolheu o modelo Vermelho vulcânico para este projecto?
Foram várias as razões que nos levaram a escolha do vermelho vulcânico. Umas de ordem prática e de custos, sendo esta a cor mais barata e cuja disponibilidade de fornecimento é mais fácil. Por outro lado, existe um edifício na proximidade e que funciona em complementaridade com a escola, o pavilhão desportivo de Sampaio, que utiliza tijolo de forra desta cor. Cromaticamente, também é uma cor que consideramos apelativa, sendo aquela que vem à memória quando se fala de TFV. Já tínhamos utilizado noutra escola, E.B. do Pinhal do General, uma outra cor, castanho Mondego, com resultados muito interessantes.
Tem em conta os problemas ambientais e de sustentabilidade na concepção dos seus projectos?
O edifício foi estudado para que tanto os aspetos da iluminação como da ventilação, sejam feitos de forma natural, recorrendo a soluções passivas. É exemplo disto, a utilização de claraboias nos corredores, instalações sanitárias e arrecadações, com a dupla componente de iluminar e de proporcionar ventilação natural. A escola Básica de Sampaio recolhe nos seus 3000m2 de coberturas, as águas da chuva, recolhendo-as numa cisterna que foi construída sob o campo de jogos, sendo depois utilizadas para as águas sanitárias e para aspersão das coberturas de modo a refrigerar os espaços sob as mesmas.
Quais foram os maiores desafios na concepção do Projecto?
Sendo um edifício em que a forte contenção de custos era um fator decisivo (os 3.300 m2 de área coberta custaram 2.5 milhões de euros), obrigou da parte dos projetistas a soluções cada vez mais engenhosas para que com um mínimo de custo se consiga realizar um edifício de uso intensivo, com pouca manutenção, de baixo consumo energético e que, acima de tudo, seja um fator de majoração para os seus utentes – as crianças.