Categoria

Arquitetura e Projecto

Material

Tijolo Face à Vista Castanho Mondego

Ano

2016

Arquitecto

Arq. Pedro Appleton

Projecto

Lubango Center em Angola

Fotografia

Fernando Guerra

Espaço do Arquiteto Com o Arquiteto Pedro Appleton

Nesta edição do Espaço do Arquitecto falámos com o Arquitecto Pedro Appleton do PROMONTORIO, vencedor do Prémio de Arquitectura em Tijolo de Face à Vista da Cerâmica Vale da Gândara com o projecto O Parque Cascais. No entanto nesta entrevista o projecto abordado foi o Lubango Center em Angola, um edifício ainda em construção que reúne a componente de escritórios, habitação, lojas e estacionamentos.

Breve apresentação do Arq. Pedro Appleton

Nasceu em Lisboa (1970), recebeu uma M.Arch da Faculdade de Arquitectura da U. Técnica de Lisboa, em 1993, e um M.Sc em Recuperação e Conservação do Património no Instituto Superior Técnico (IST). Colaborou com a Exxon em várias práticas de design antes de se juntar ao PROMONTORIO. Appleton também trabalhou no cinema e produção de teatro amador e nos últimos anos tem se envolvido em desenho universal e acessibilidade com deficiência. Neste campo, lecionou e participou em diversos órgãos e júris como um especialista da Associação Português de Paralisia Cerebral. Participou em vários júris de arquitetura em representação da Ordem dos Arquitectos, incluindo o Prémio de Arquitectura Conde de Oeiras. No PROMONTORIO, Appleton foca-se no design sustentável e estratégias de design ambiental, implementado, entre outros, no internacionalmente aclamado Fluviário de Mora.

Teve em conta o isolamento térmico e acústico do Tijolo Face à Vista?

Evidentemente, um dos desafios no Lubango, como não deixa de ser em todas as localizações - das frias, às moderadas e quentes, é o do isolamento térmico. O tijolo de face à vista, sobretudo o maciço, tem uma inércia térmica muito interessante, que reproduz características que a tradição encontra na arquitectura da terra – mais sustentável e robusta face às condições naturais. O seu formato de hoje, industrializado e uniforme, permite compô-lo com a graça que a tradição nos traz, mas ainda com a eficácia que a contemporaneidade exige portanto, pode-se trabalhar com várias medidas modulares, usar como forra em elementos estruturais, pode ser usado com caixa d e ar isolada, em cunhais autoportantes enfim, com a fiabilidade que a homogeneidade permite, embora isso mesmo lhe retire também algum carácter...mas são concessões.

A utilização do TFV tem influência no sentido estético da obra?

O tijolo é um traço distintivo sem igual na cultura angolana, é um fenómeno que não lhe sei chamar de industrial ou artesanal, mas talvez de industrial vernacular. A fabricação de tijolo para a autoconstrução estende-se no tempo desde sempre, das aldeias às cidades, está presente em todo o lado. A sua textura foi inspiradora para o tratamento do "aparelho" dos paramentos, mas estendeu-se também à própria composição dos alçados, como uma textura que, contida na estrutura do edifício, foi representada ainda a outra escala. Acabamos também por trabalhar o pavimento das áreas públicas como se se tratasse de um parquet. Teve portanto um papel determinante no projecto, como é nossa tendência, aliar a materialização à composição.

Porquê a opção pela cor Castanho Mondego?

Precisamente pela sua ligação à terra, como se se tratasse da produção local, faz como que uma fusão entre a arquitectura e o território. Isso valida uma certa ideia de integração.

Tem em conta os problemas ambientais e de sustentabilidade na concepção dos seus projectos?

Sempre. Seja pelo aspecto ecológico, como pela durabilidade, passando pela economia a longo prazo. A construção deve procurar soluções adequadas à localização, função, custo de construção e manutenção, e sobretudo deve ter em consideração o equilíbrio energético exigido para o seu desempenho e conforto finais.