Categoria
Arquitetura e Projecto
Material
Tijolo Face à Vista Cinza Douro
Ano
***
Arquitecto
Arq. Miguel Marcelino
Projecto
Centro Escola de Fonte de Angeão
Fotografia
***
Espaço do arquiteto com o Arq. Miguel Marcelino
Nesta edição do Espaço do arquiteto, falámos com o arquiteto Miguel Marcelino, acerca do seu projecto Centro Escolar de Fonte de Angeão, ainda em construção, realizado com Tijolo Face à Vista Cinza Douro.
Apresentação do Arq. Miguel Marcelino
Miguel Marcelino nasceu em 1981. Vive e trabalha em Lisboa. Estudou música no Instituto Gregoriano de Lisboa entre 1993 e 1998. Em 1999 começou a estudar arquitectura na Universidade Autónoma de Lisboa, tendo-se licenciado em 2005. Nesse ano vence o Prémio Secil de Arquitectura – Universidades. Colaborou com Herzog & de Meuron (Basileia, 2003/04) e Bonell & Gil (Barcelona, 2005/07). Em 2008, de volta a Lisboa, estabelece atelier próprio e vence o seu primeiro concurso público. http://www.marcelino.pt
Qual é o conceito do Centro Escola de Fonte de Angeão?
O local de implantação da escola proporciona uma relação próxima com a natureza, situada num meio rural, a nova escola (EB1 JI) encontra-se rodeada de belas árvores adultas. A proposta explora a relação interior com as vistas exteriores através de dois sistemas que vão ditar a organização espacial da escola: nas salas de aula procura-se a concentração dos alunos – deste modo as largas janelas são abertas para reentrâncias, como pátios “privados”, garantindo controlada luz solar e escape visual para o exterior sem daí advir distracção das crianças. Nos espaços comuns procura-se o oposto, vistas directas para o exterior, largos campos perspécticos em todas as direcções bem como abundante iluminação natural em todos os amplos corredores da escola.
A localização do projecto – situada no campo – teve influência na escolha do tijolo face à vista para a fachada do edifício?
A escolha do tijolo face à vista deve-se a dois factores: por um lado, nesta obra pretendia-se ter um aspecto mais elementar, em que a a própria construção e equipamentos seriam ao mesmo tempo o seu acabamento, isto é, sem qualquer revestimento ou ocultação. Por outro lado também interessava continuar a tradição de construção em alvenaria que se vê nesta região, nomeadamente em alguns muros construídos em blocos de adobe que ainda são visíveis.
Como surgiu a ideia de utilizar Tijolo Face à Vista neste projecto? Por que razão a escolha recaiu sobre a cor Cinza Douro?
A escolha da cor teve a ver com a continuidade cromática com o interior em betão aparente. Interessava ter dois materiais num diálogo próximo, embora com papeis distintos: um como estrutura e acabamento interior (o betão), outro como protecção e acabamento exterior (o tijolo).
Como vê a utilização do tijolo na história da Arquitectura?
É um material incontornável, tal como outros clássicos intemporais como a madeira ou a pedra. Quando ainda temos tantas estruturas com milhares de anos construidas em tijolo, isso quer dizer alguma coisa.
Como vê o futuro da Arquitectura em Portugal?
Aparte questões sociais e económicas devido à situação actual, do ponto de vista objectivo da disciplina eu penso que irá melhorar. Terá sempre que melhorar. Hoje em dia já não existe a “construção desenfreada” que havia e naturalmente isso deixa mais espaço para a reflexão e exigência daquilo que se faz actualmente. Penso que cada vez mais os Donos de Obra estão sensibilizados para a importância de uma arquitectura de qualidade, bem concebida. Que seja mais do que uma mera soma de m2, pilares e paredes. E penso que isso é bom, porque construir ou, cada vez mais, reabilitar, é uma oportunidade única de melhorar o nosso meio ambiente, as nossas cidades. E isso, em última instância, significa tornar as nossas vidas mais confortáveis e felizes.