Categoria
Arquitetura e Projecto
Material
Tijolo Face à Vista Negro Calabar
Ano
2014
Arquitecto
Arq. Rui Serra e Arq. Maria Manuel Alvarez
Projecto
Igreja Santo André - Barreiro
Fotografia
Serralvarez arquitetos
Espaço do arquiteto com Serralvarez arquitetos
Nesta edição do Espaço do arquiteto, falámos com atelier Serralvarez arquitetos, acerca do projecto da Igreja Paroquial de Santo André, no Barreiro, onde foi utilizado Tijolo Face à Vista Negro Calabar.
Apresentação do atelier Serralvarez arquitetos
A Serralvarez arquitetos foi fundada em 1991 por Rui Serra e Maria Manuel Alvarez dedicando-se a todas as vertentes da arquitectura com grande experiência na componente habitacional, equipamentos públicos e reabilitação. O rigor e a procura da qualidade pautam o trabalho da equipa de arquitetos e engenheiros garantindo a coordenação e gestão e todo o processo e o acompanhamento exaustivo da obra. http://www.serralvarez.com
Quais foram as ideias base para o projecto da igreja paroquial de Santo André, dado tratar-se de um local de culto e oração?
A vontade de construir esta igreja data dos anos 80 e manteve-se inalterada ao longo do tempo. O local foi mudando, por motivos vários terminando neste terreno com algumas singularidades em termos morfológicos e urbanos mas a ideia base de ter um edifício de culto do Caminho Catecumenal foi a alma do projecto. O regresso à origens que procuramos levou a que elegessemos a centralidade (assembleia) e a axialidade patente no percurso desde a entrada até ao altar.
A obra apresenta um jogo de volumes, superfícies planas e curvas e cores contrastantes, quais os objectivos subjacentes a esta concepção?
Porque razão escolheu o modelo Negro Calabar para este projecto? A forma resulta da centralidade do espaço com o altar e mesa da palavra no centro, a assembleia à volta e a circulação no arco periférico, as capelas extravasam a forma cilindrica e os vãos rasgam a forma na vertical. A cor negra funde-se com a terra e o corpo principal branco correspondente à altura da galeria eleva-se contra o céu. Estas duas cores simbolizam os extremos.
A durabilidade, desempenho térmico, consumo energético e comportamento acústico, foram um factor preponderante para a escolha do tijolo face à vista?
Tem em conta os problemas ambientais e de sustentabilidade na concepção dos seus projectos? O tijolo é um material secular com tradição entre nós mas aquém do seu potencial. No seu fabrico são optimizados os métodos por forma a reutilizar a energia e a matéria prima e na sua utilização na construção existe uma forte componente artesanal e manual que exige rigor e persistência para obter uma obra consistente. Estas características aliadas à qualidade do seu desempenho em termos térmicos e acústicos coadunam-se com o tipo de construção perene possível que nos propunhamos.
Quais foram os maiores desafios na concepção do Projecto?
Por um lado os sucessivos reveses com o terreno, o embate com a burocracia, a desistência da equipa, o corte de verbas, as dificuldades inerentes à construção, a incompreensão e crítica das pessoas que poderiam ter feito cair o projecto e a obra. Por outro lado perceber se o espaço interior e exterior atingiria o desígnio de convidar à meditação e à oração que se propunha, conjugando todos os factores físicos e psicológicos que o tornam acolhedor e contemplativo e ao mesmo tempo nos transporta para outra dimensão. E penso que conseguimos.
Como prevê os próximos anos para a Arquitectura em Portugal?
A Arquitectura em Portugal é mais necessária agora do que nunca. Portugal ganhou visibilidade internacional e a responsabilidade da recuperação séria e informada do património construído e a preservação da nossa paisagem, aliada à sábia utilização dos parcos recusros, assenta nos ombros dos arquitetos.