Categoria
Arquitetura e Projecto
Material
Paver Cerâmico Vermelho vulcânico
Ano
2018
Arquitecto
Atelier do Beco da Bela Vista
Projecto
Parque Ribeirinho Moinhos da Póvoa, Vila Franca de Xira
Fotografia
Atelier do Beco da Bela Vista
Espaço do arquiteto com o Atelier do Beco da Bela Vista
O Atelier do Beco da Bela Vista é uma empresa que resulta do trabalho de projeto e de investigação que, desde 2001, vem sendo desenvolvido pelo arquiteto paisagista Luís Guedes de Carvalho, a quem se juntou, em 2005, o arquiteto Francisco Guedes de Carvalho, numa colaboração regular que eventualmente se traduziu também na constituição da empresa, já em 2009. Desde então, o Atelier tem vindo a contar com a colaboração de profissionais de diversas áreas. Com um trabalho maioritariamente dirigido para o âmbito da disciplina de arquitetura paisagista, o Atelier tem-se dedicado também a projetos de arquitetura e de produção de conteúdos para publicação gráfica, acompanhados por uma componente crítica e de investigação que partilha frequentemente as preocupações de outras áreas artísticas, como a música ou a fotografia.
Apresentação do arquiteto Francisco Guedes de Carvalho
Francisco Guedes de Carvalho formou-se em música e em arquitetura, tendo concluído o Master of Music Performance, da DePaul University, em Chicago, e o Mestrado Integrado de Arquitetura, da Escola Superior Artística do Porto. No decorrer da sua formação enquanto arquiteto, e para além da constante colaboração com o Arquiteto Paisagista Luís Guedes de Carvalho, trabalhou também em colaboração com os Arquitetos Álvaro Siza Vieira, Helena Albuquerque e Luís Ferreira Rodrigues. Para além das suas funções enquanto sócio-gerente do Atelier do Beco da Bela Vista, o seu exercício profissional é essencialmente dedicado à arquitetura.
Apresentação do arquiteto Luís Guedes de Carvalho
Formou-se no Curso Técnico de Agricultura, da Via Técnico-Profissional da Escola Agrícola o Conde de S. Bento, em Santo Tirso e, subsequentemente, no Curso de Arquitetura Paisagista do Instituto Superior de Agronomia, na Universidade Técnica de Lisboa. Integrou a equipa da PROAP até 2002 tendo, desde então, trabalhado por conta própria, sediado no Porto. Em 2009, funda o Atelier do Beco da Bela Vista com o arquiteto Francisco Guedes de Carvalho, tendo também, desde 2006, ocupado cargos de docência no curso de Arquitetura Paisagista da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. O seu trabalho é maioritariamente dedicado a projeto de espaço exterior em inúmeras tipologias, tanto em Portugal, como fora do país, sendo a sua colaboração também requisitada em estudos e projetos de investigação de caracterização, ordenamento e recuperação da paisagem, de âmbito municipal e regional.
Quais foram os maiores desafios na conceção do projeto?
As maiores dificuldades, e preocupações, do projeto foram a proximidade do rio Tejo, um suporte instável de formas de vida, com uma força incontrolável e em constante movimento, e a necessidade de alterar os usos das suas margens, transformando o que havia sido uma ocupação industrial num espaço de recreio. O facto de o projeto se ter baseado na ideia de transformar a quase totalidade do parque em duas lagoas tornou ainda mais aguda a dificuldade de se projetar ao lado do rio, mas acreditamos que terá resolvido o problema que se levantava com uma nova utilização das suas margens.
Como classifica a utilização do paver cerâmico na arquitetura nacional?
Não conseguimos classificar a sua utilização no âmbito da arquitetura nacional, mas entendemos que será sempre um material que se adequa a inúmeros contextos da construção no nosso país; quer porque, naturalmente, se tornou característico de determinadas paisagens, quer porque, se recorrermos a referências mais remotas na nossa História, desde que a construção Romana ocupou o nosso território, este é um tipo de material que oferece uma enorme variedade de soluções.
Porquê a escolha do paver cerâmico?
A nossa preocupação foi a de conseguir um pavimento flexível, uma vez que o terreno sobre o qual construímos é muito pouco estável, constituído por depósitos cuja espessura sobre terreno firme é superior a 20 metros, mas que pudesse ser contínuo, ter algum grau de permeabilidade às águas da chuva e, também, integrar-se na paisagem da Póvoa de Santa Iria. Esta situa-se numa bacia sedimentar; a escolha de um material cerâmico pareceu-nos muito mais próxima da sua essência do que uma calçada de pedra, por exemplo, ou de um pavimento em cimento que, embora pudesse ter alguma conotação com a indústria recente, resultaria sempre numa relação mais ligeira com o lugar.
Porquê da escolha da cor Vermelho Vulcânico?
Em simulações fotográficas, na fase de projeto, experimentamos todas as cores que a Cerâmica Vale da Gândara tem disponíveis, com a exceção do cinza que nos pareceu poder assemelhar-se a um elemento de betão, imagem que preferimos evitar. O castanho foi posto de parte por nos parecer uma cor demasiado escura para superfícies tão grandes de pavimento. Tanto o bege, como o rosa foram experimentados, mas julgamos que as suas luminosidades eram sempre demasiado claras para a definição de um plano horizontal confortável, para um pavimento de grandes áreas, quase sempre exposto ao sol. O vermelho vulcânico pareceu-nos a melhor escolha.