Categoria  Material

Arquitectura

Tijolo Face Vista Vermelho Vuncânico Flashing

 

 Arquiteto  

 

Local                                 Ano

Arq. Luísa Bebiano        Curia (Anadia)                 2022/2024

 

Projeto

 

Fotografia

Casa na Curia

Frederico Martinho

Espaço do arquiteto com Arq. Luísa Bebiano 

Arq. Luísa Bebiano é arquiteta, diretora de arte e cenógrafa. Tem atelier próprio onde desenvolve projetos de arquitetura e transdisciplinares, que a relacionam com a música, o teatro e o cinema: universo temático que é a base da investigação que desenvolve para a sua tese de doutoramento. Licenciada em Arquitetura Universidade de Coimbra, foi distinguida com o Prémio Escolar Quartel Mestre General W. Elsden.

O seu trabalho incide principalmente sobre reabilitação do património, direção de arte para cinema e cenografia para teatro. Devido à sua abrangência interdisciplinar, tem vindo a estabelecer parcerias com artistas e curadores nas áreas das artes visuais.

Venceu o Prémio Gulbenkian Património, Prémio Teotónio Pereira e o Prémio Municipal Diogo Castilho. Foi finalista e selecionada para vários prémios nacionais e europeus.

Foi assistente da disciplina “Design Studio” do Mestrado “Architecture, Landscpae and Archeology”, no Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra, de 2019 a 2024.

 

O projeto

Situada num bairro residencial, num contexto rural em Anadia, esta habitação assume as características locais, como ponto de partida, destacando a paisagem e o edificado envolvente. Como premissas de projeto, havia a necessidade de se inserir num aglomerado habitacional, ter um piso superior com uma varanda voltada a sul e, em simultâneo, ter uma forte vivência interior, promovendo uma sensação de segurança. Assim, esta casa nasceu de dentro para fora, sendo o centro um espaço exterior, uma espécie de claustro, um momento de passagem e introspeção, onde a relação com a natureza se faz num espaço aberto, mas encerrado por quatro galerias, com caráter de interior / exterior, num jogo de ar livre protegido. Segundo Horta Correia, “derivado, remotamente, do peristilo greco-romano, pode dizer-se que o claustro nasceu no seio do mundo mediterrânico como espaço funcional a um tempo aberto e fechado”. Este projeto junta o objeto arquitetónico do claustro, ao elemento construtivo da parede vazada, possibilitando uma maior ventilação e luminosidade, num espaço encerrado sobre si mesmo. Este elemento adicionado ao pátio é o Cobogó do modernismo arquitetónico brasileiro do século XX.

Esta habitação está alinhada segundo a orientação das construções preexistentes envolventes, dando uma continuidade de fachada no espaço público.

No piso térreo, garagem, arquivo, casa de máquinas e ateliers, tem-se acesso ao pátio e às escadas de acesso ao piso superior. No piso superior, a área social (sala e cozinha) estão orientadas a Sudeste, e a área privada (quartos e instalações sanitárias) a nordeste.

Sendo uma zona argilosa, o tijolo, surge como o material construtivo que se liga ao local. A composição dos alçados é trabalhada plasticamente por forma a manter um diálogo de cheios e vazios, alternando panos de tijolo “cegos”, “vazados” e aberturas de vidro.

A estrutura da habitação é feita em betão armado. No piso térreo, as paredes interiores estão contruídas em blocos de betão à vista e no primeiro andar, de alvenaria de tijolo, garantindo sempre, paredes duplas, com isolamento térmico e uma caixa de ar no interior. A cobertura é revestida a camarinha de zinco, com inclinação para o interior.

Considerando o tijolo como escolha do material predominante, a ventilação natural e a energia passiva, esta habitação, não necessita de outros recursos energéticos para o seu aquecimento e arrefecimento, sendo energeticamente eficiente e respeitando o meio ambiente.